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Passeando por alguns sites, encontrei esse texto na sessão Prateleira da Ultimato.

Não sou uma pessoa que chora com naturalidade e, em geral, consideram-me forte. Fui educado na Rugby School, uma daquelas famosas escolas “públicas” em que se aprende a filosofia da casca grossa, isto é, não se deve demonstrar qualquer emoção.

Porém, li os evangelhos e descobri neles o registro de que Jesus, nosso Senhor, chorou em público duas vezes: uma por causa da falta de arrependimento da cidade de Jerusalém (Lc 19.41) e outra por causa do sepultamento de Lázaro (Jo 11.35).

Deste modo, se Jesus chorou, seus discípulos presumivelmente poderiam fazê-lo.
Mas por que eu deveria derramar lágrimas? Não estava diante da falta de arrependimento nem da morte. Estaria eu afundado na autocomiseração, sob a perspectiva de uma lenta recuperação? Estaria lamentando minha queda e fratura? Estaria vislumbrando ali o fim do meu ministério? Não, na verdade eu não tive tempo de colocar meus pensamentos em ordem.

Tive uma experiência semelhante de lamento com meu amigo John Wyatt, que é professor de ética e perinatologia no hospital-escola da Universidade de Londres, e que se tornou famoso por defender a inviolabilidade da vida humana em debates públicos sobre aborto e eutanásia.
Quando ele me visitou no hospital, compartilhamos nossas experiências de fragilidade e dependência e ambos chegamos às lágrimas. Eis a forma como ele descreveu essa situação:

“Nos primeiros dias depois da cirurgia, John Stott foi acometido por episódios de desorientação e por distintas e alarmantes alucinações visuais. Além disso, havia a inevitável humilhação de receber os cuidados da enfermagem, e a preocupação com o futuro. Enquanto estávamos no hospital, conversando e compartilhando, lembrei-me da minha própria experiência de doença e caos, alguns anos antes. Lembro-me que estávamos em lágrimas, dominados por um poderoso sentimento comum de vulnerabilidade e debilidade humana. Foi uma experiência dolorosa, mas libertadora”.

A seguir a segunda e semelhante experiência, dessa vez com a contribuição de Sheila Moore, minha fisioterapeuta e amiga:

“Foi logo após o retorno para casa, depois de sua convalescença. Stott havia acabado de voltar para descansar em uma cadeira, quando, de repente, estremeceu e suspirou profundamente. Fui ver se ele se sentia mal e percebi que as lágrimas fluíam livremente. Ele estava vivenciando uma arrebatadora liberação de toda a carga emocional e dos desafios dos eventos recentes, que ele havia pacientemente suportado sendo “um paciente”. Não há palavras a serem ditas durante uma experiência tão profunda — somente uma empatia e uma confortante mão firme em seu ombro. Pouco a pouco, enquanto a emoção cedia, assegurei a ele que não se tratava de uma experiência incomum em tais circunstâncias, e que as lágrimas são um alívio e uma forma de cura muito valiosa”.

Essa experiência completamente “inusitada” aconteceu repentinamente; foi uma surpresa que causou certo choque e dor emocional. Racionalizar tais experiências talvez seja difícil, especialmente para homens, que tendem a vê-las como uma humilhação. Porém, se encaradas com honestidade, podem ser um alívio maravilhoso. É muito valioso encarar aqueles momentos como uma preparação dada por Deus para as mudanças que se encontrariam à frente, e como um presente especial da parte dele.

[Texto retirado, com permissão, de O discípulo Radical, de John Stott, lançamento da Editora Ultimato, em março de 2011.]

• John Stott conhecido no mundo inteiro como teólogo, escritor e evangelista, é autor de mais de quarenta livros, incluindo A Missão Cristã no Mundo ModernoA Bíblia Toda, o Ano TodoPor Que Sou Cristão e o campeão de vendas Cristianismo Básico. Ele é pastor emérito da All Souls Church, em Londres, e fundador do London Institute for Contemporary Christianity. Foi indicado pela revista Time como uma das cem personalidades mais influentes do mundo.

Fato é que muitos de nós, não derramamos as devidas lágrimas. Muitos de nós somos duros, esforçamo-nos para não demonstrar “fraqueza”. Eu mesmo por vezes me faço de forte para não derramar uma lágrima sequer, embora tenha momentos, dependendo da circunstância, isso se torna meio impossível, mais somente quando já estou só. Outras pessoas tem muita facilidade em chorar, choram por qualquer coisa, qualquer palavra, choram de raiva, enfim…

Tenho aprendido que como cristão, eu preciso derramar lágrimas pelas pessoas que estão ao meu redor, pela misericórdia que Deus tem por mim, e prossigo, buscando aprender em como deixar meu ombro bem próximo daquele que mais necessita.

Que possamos aprender a derramar lágrimas por pessoas que estão ao nosso lado, próximas ou não de nós, mais que graças ao amor de Cristo, nos torna um, e que por vezes esquecemos e ignoramos.

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Sobre o Autor

Samuel Barbosa
Samuel Barbosa

É servidor público na Rede Federal de Educação, Técnico em Informática e graduando no curso de superior de tecnologia em Sistemas para Internet, amante de guitarras e software livre.

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